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MPT e OIT ganham apoio de Paola Carosella para capacitar pessoas trans

Projeto de empregabilidade vai começar com curso de ajudante de cozinha

São Paulo, 13 de novembro de 2017 - O Ministério Público do Trabalo (MPT) em São Paulo e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) anunciaram na última sexta-feira (10/11), com apoio da empresária e chef de cozinha Paola Carosella, ação de capacitação de transexuais e travestis em curso básico de ajudante cozinha. Na plateia estavam representantes de organizações voltadas ao público trans e também por diversas empresas convidadas interessadas em aumentar a diversidade em seu quadro de funcionários.

"O objetivo é capacitar essas cidadãs, esses cidadãos, para que tenham boas condições estar no mercado de trabalho ", afirmou a procuradora Valdirene de Assis, coordenadora nacional da Coordigualdade (Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho), ao abrir o evento junto com o procurador-chefe em exercício do MPT-SP Wiliam Bedone, a procuradora do Trabalho Sofia Vilela e a representante da OIT, Thaís Dumêt Faria. “Nosso propósito é acompanhar, contribuir como pudermos e dar o suporte necessário para que a inclusão se dê da melhor forma possível”, disse a coordenadora.

O curso, primeiro de muitos, será formado por 9 módulos que ensinarão aptidões básicas do trabalho em uma cozinha de restaurante, desde lidar com os resíduos até como funciona a câmara fria e a estocagem de alimentos. "Vamos ensinar pratos básicos como arroz e feijão", afirmou Paola ao apresentar o projeto junto ao sócio Benny Goldemberg. Também serão tratados no curso os possíveis cargos a almejar em um restaurante, bem como questões burocráticas básicas: "O que é uma jornada de trabalho, o que se considera hora extra, como se lê um holerite", afirma a chef.

A formatura da primeira turma ocorrerá no dia 7 de dezembro, em evento fechado no MPT-SP, com participação de Paola e da poetisa, atriz e jornalista Elisa Lucinda, que fará workshops de poesia com as alunas durante o processo de aprendizado na cozinha. As 25 estudantes irão escolher o nome oficial do projeto de empregabilidade que deu origem à capacitação na cozinha.

“Sabemos que pessoas trans são discriminadas, têm expectativa de vida muito baixa em relação à média da população: 35 anos”, afirmou Wiliam Bedone. Segundo a procuradora Sofia, as aulas estão inseridas em um projeto maior de empregabilidade de pessoas trans que contará com outras ações incluindo sempre MPT, OIT, organizações da sociedade civil e empresas. “O MPT quer que essas pessoas tenham uma rede de apoio e que sejam visíveis no mercado de trabalho”, afirmou.

O MPT viabilizou economicamente a capacitação por meio de reversões de multas e dano moral coletivo de empresas que cometeram ilegalidades trabalhistas. Os valores são repassados à OIT por meio de um convênio nacional firmado entre ambos 2016, que prevê a canalização de recursos provenientes de ações do MPT para projetos destinados a promover o trabalho decente no país. Cerca de R$ 120 mil serão usados para pagar custos com a escola técnica onde se dará o curso, além da compra de uniformes, materiais culinários e filmagem da primeira turma.

Paola e seu sócio contribuem de forma totalmente voluntária e são os responsáveis por todo o currículo e execução do curso. A primeira turma será filmada para que os vídeos sejam utilizados como revisão para as alunas e também como orientação para futuros cursos. As empresas poderão, mais tarde, contratar as formandas. Cada pessoa contratada será acompanhada de perto pelas instituições parceiras para facilitar a adaptação ao novo contexto.
As primeiras 30 alunas serão mulheres trans provenientes do projeto Transcidadania, da Prefeitura de São Paulo, que acolhe transsexuais e travestis em situação de extrema vulnerabilidade e permite que consigam cursar o ensino fundamental com bolsa-auxílio de 1 salário mínimo. Mas cada uma só pode permanecer por dois anos no Transcidadania, e precisam de encaminhamento para a vida profissional, sob risco de voltar para a ruas. “Quando começamos a conversar sobre a capacitação, queríamos um curso que fosse rápido, urgente, pois não era possível esperar mais”, conta Thaís, da OIT.

Segundo estimativas da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% das travestis e transexuais brasileiras se prostituem. Principal motivo: muitas são expulsas de casa cedo, com 12 ou 13 anos de idade, assim que começam a revelar sua feminilidade. “Esperamos que as pessoas saiam (da capacitação) com um início de retomada da própria vida, da própria dignidade”, afirma Thaís.

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