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MPT alerta: Pó de sílica pode matar trabalhadores em questão de meses

Substância vem sendo usada na fabricação de borrachas; duas mortes por silicose já foram registradas este ano

O Ministério Público do Trabalho em São Paulo abriu essa semana investigação contra 44 empresas pelo uso de sílica na fabricação de produtos de borracha. Suspeita-se que a substância, um pó fino feito a partir do quartzo, seja responsável pelo adoecimento e morte de diversos trabalhadores do setor.

Em uma das empresas investigadas, produtora de borracha para tampas de panelas de pressão, nove de 15 trabalhadores desenvolveram silicose pulmonar subaguda. Dois morreram e três estão em estado grave após alguns meses de utilização da sílica na empresa em que trabalhavam. “Os dois trabalhadores que já morreram são aqueles dos quais temos conhecimento. É bem possível que mais tenham morrido ou adoecido e não estamos sabendo”, afirmou a procuradora do Trabalho Eliane Lucina, uma das responsáveis pela investigação do MPT. A denúncia de que trabalhadores corriam risco de vida devido à sílica partiu da Fundacentro (Ministério do Trabalho e Emprego) após vistorias em diversas fábricas.

Trabalhador manuseia pó de sílica em fábrica
Trabalhador manuseia pó de sílica em fábrica

Segundo especialistas, o pó de sílica é extremamente fino e atravessa inclusive máscaras de proteção. Quando aspirado constantemente, pode causar câncer e silicose, doença irreversível capaz de matar em questão de meses.

“A sílica entra no pulmão e provoca alterações nas células, dificultando a troca gasosa”, afirma Ubiratan de Paula Santos, do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas). Além do maior risco de doenças como a tuberculose, “com o tempo as artérias do pulmão ficam com a rigidez de uma pedra. Se esse processo estiver muito avançado, até o transplante de pulmão fica impossível”, completou o médico.

Até agora foram identificadas em São Paulo e região do Grande ABC, 178 empresas que utilizam a sílica para fabricação de seus produtos. A Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde da Prefeitura de São Paulo) vai continuar o mapeamento, enquanto o MPT programa audiências com as empresas e também com os sindicatos profissionais e patronais do setor.

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