Mais de três milhões de crianças trabalham no Brasil
Clubes de futebol aderem à campanha pelo Dia Mundial contra o Trabalho Infantil
Uma campanha do Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o trabalho infantil, em alusão ao Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, 12 de junho, tem mobilizado os grandes clubes de futebol em vários Estados.
Na capital paulista, durante os jogos do Brasileirão, os jogadores do Santos Futebol Clube, Sport Club Corinthians Paulista, Sociedade Esportiva Palmeiras e São Paulo Futebol Clube entrarão no gramado vestindo camisetas da campanha com as seguintes mensagens: “12 de junho. Dia contra o trabalho infantil”; “Não ao trabalho infantil”; e “Sim à educação de qualidade”.
A ação é parte de uma grande mobilização nacional para sensibilizar a sociedade brasileira a contribuir para a erradicação dessa prática. A campanha realizada em parceria com a OIT, Forum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e demais órgãos integrantes da rede de proteção da criança e do adolescente, engloba diversas ações em todo o país como seminários, caminhadas, audiências públicas, manifestações artísticas e esportivas, veiculação de vídeos na TV, anúncios nas revistas de bordo da TAM, GOL, Azul e Avianca e em mobiliários urbanos.
“Essa grande campanha tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para o problema que atinge mais de três milhões de crianças em nosso País. É necessário quebrar as barreiras culturais que ainda persistem no imaginário social de que o trabalho infantil pode ser benéfico. O trabalho precoce é prejudicial e causa danos no desenvolvimento físico, psicológico e social da criança, além de alimentar um ciclo perverso de miséria. Uma criança explorada se torna um adulto explorado e sem perspectivas de um futuro melhor”, afirma Elisiane dos Santos, vice-coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes do MPT.
Ela explica que “a criança e os adolescentes precisam ter oportunidade de desenvolver todas as suas potencialidades no campo do esporte, da cultura, do lazer. É preciso que eles tenham educação de qualidade e uma formação que os permita, na fase adulta, entrar no mercado de trabalho com dignidade e com perspectivas de melhoria de sua qualidade de vida”.
Num estudo sobre o resultado de 47 pesquisas sobre o tema feito em 1990 pelo sociólogo e pesquisador na área de educação, Candido Alberto Gomes, ficaram expostas as seguintes conclusões: “Em termos de localização na estrutura ocupacional, as crianças e os adolescentes tendem a trabalhar elevado número de horas semanais e a perceber baixos salários, poucos dispondo de cobertura previdenciária. Neste particular, há evidências de que adolescentes e jovens em geral freqüentemente trabalham sem carteira assinada e são vítimas expressivas do subemprego, ...”
De acordo com a OIT, 168 milhões de crianças no mundo realizam alguma atividade laboral, o que corresponde a 11% da população infantil. Dessas, 85 milhões realizam atividades consideradas perigosas, como trabalho com manuseio de bebidas alcoólicas e produtos químicos.
Sobre o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil - foi instituído pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2002, data da apresentação do primeiro relatório global sobre o trabalho infantil na Conferência Anual do Trabalho. O objetivo da data é sensibilizar sobre o tema e o engajamento de todos os segmentos da sociedade na luta contra o trabalho infantil.